Meu Irmão, no antigo Egipto, muitos séculos antes do nascimento de Jesus, os sacerdotes proferiam ao neófito que tivesse passado pelas duras provas da Iniciação e que através delas se tivesse tornado Aprendiz: “TU ÉS A LUZ. DEIXA A LUZ BRILHAR!” Através desta misteriosa e mágica expressão, aqueles sacerdotes queriam dizer que o Homem que fora resgatado ao mundo das trevas espirituais e que fora purificado pela água e pelo fogo, encontrava-se num plano onde deveria expressar a Luz do Ser Cósmico, da qual, ele, Aprendiz, era um veículo assim como Toth, o Hermes helenizado, o fora. Pelas sábias palavras desses sacerdotes do antigo Egipto, atrevo-me a parafraseá-los ao dizer-te: meu Irmão: “TU ÉS A LUZ. DEIXA A LUZ BRILHAR!”
Para nós, maçons, a Luz para além de simbolizar o conhecimento, simboliza também a fonte da Vida Universal. Logo, acreditamos que se estiveres investido com a Luz da Sabedoria, tornar-te-ás num mestre na arte de investigar, um perito a analisar e um sábio a aprender. Por outro lado, sendo a Maçonaria a arte suprema da vida, dado que ela é a arte de fazer do nosso próprio espírito a morada do Eterno, irás arduamente trabalhar a “Pedra Bruta”, uma vez que cada pedra destinada ao Templo da Sabedoria, somente por ti será desbastada, esquadriada, polida e transmutada na “Pedra Cúbica” da perfeição.
À momentos, fora anunciado ao Venerável que cumpriste o teu primeiro trabalho de Aprendiz, e na certa que interrogaste o teu Eu superior. Mas afinal, em Maçonaria, qual será o trabalho do Aprendiz? Meu Irmão! Em Maçonaria como em qualquer outra arte, o trabalho do Aprendiz, é o de aprender com os Mestres, os quais, subtilmente te ajudarão a dares os teus primeiros passos regulares no caminho que te conduzirá à Luz do Grande Arquitecto do Universo e por conseguinte, ajudar-te-ão também a atingires o plano espiritual onde está construído o mais perfeito e o mais belo de todos os Templos.
Num antigo ritual maçónico, perguntava-se ao Irmão Maçom: “DE ONDE VINDES COMO MAÇOM? DO OCIDENTE! E PARA ONDE VOS DIRIGÍS? PARA O ORIENTE! E O QUE VOS INDUZIU A DEIXAR O OCIDENTE E DIRIGIR-VOS PARA O ORIENTE? BUSCAR UM MESTRE E DELE OBTER INSTRUÇÃO!”. Ora, em Maçonaria irás aprender que tanto os Rituais maçónicos, como o seu rico e variado Simbolismo, apesar de terem muitas leituras, de harmonia com o grau de conhecimento de quem o interpreta, têm dentro de si um sentido e um conceito muito concreto e muito preciso. Pelo que seguindo esta antiga fórmula maçónica, é aos Mestres que te deves dirigir, para te colocares sob as luzes da sua experiência e do seu muito saber. E tanto mais, que a autoridade do Mestre Maçom está em ele se tornar para o Aprendiz no seu Guia, na sua Luz e no seu Apoio. E todos os Mestres procuram essa autoridade e essa visibilidade. Pois, na verdade, tal como a obra reflecte o seu construtor, o Aprendiz reflecte o seu Mestre. Contudo, o Mestre Maçom nada de explicito te poderá ensinar, apenas subtilmente te demonstrará como deves aperfeiçoar os teus instrumentos de obtenção do conhecimento e do saber profundo. E para tal, o Mestre Maçom estará sempre disponível para te ajudar, e para te encorajar em todo o teu processo de aprendizagem. Por outro lado, ele também não te poderá mostrar o conhecimento que está enclausurado no seu Templo Corpo. No entanto, através de metáforas e algumas alegorias, apenas te aconselhará quais são os melhores planos arquitectónicos para a construção do teu Templo Interno.
Agora que estás prestes a iniciar a caminhada que te levará aos planos mais puros e sublimes do espírito, na qualidade de Mestre Maçom, aproveito a oportunidade para te dar a primeira lição maçónica, para a qual, muito deverás reflectir: “Aprende a Praticar o Bem, Purifica o teu Coração, e Nada Faças Sem que por este Seja Filtrado”. Se assim o fizerdes, estás desde logo a contribuir para um maior fortalecimento da Fraternidade Maçónica, e em particular, para o teu próprio bem-estar.
Em suma, meu Irmão, deves empreender todos os esforços para que sejas capaz de receber e de reflectir a luz. De igual modo, deves cristalizar a certeza que a tua vida e todas as tuas vidas já por ti vividas são uma só. Deves ainda comungar a ideia de que ninguém vive só para si, uma vez que todo o Homem fora concebido pelo Grande Arquitecto do Universo para os demais, e dependente dos demais.
Por tudo o que já te aconselhei e disse, já te apercebeste quanta responsabilidade te recai sobre os ombros ao te tornares maçom. No entanto, no sentido mais amplo do termo, estás ainda no estado de “Pedra Bruta”, mas, pelo facto de vires até nós pedires que te dei-mos a luz, trazes já dentro de ti o esboço da “Pedra Polida e Angular” sobre a qual se edificará o Homem Livre e sem preconceitos. Sendo assim, ainda te aconselho: para além de reflectires na primeira lição que te dei, deves reflectir também, porque está neste mundo. Provavelmente, chegarás à conclusão que estás nele porque essa tem sido a vontade do Grande Arquitecto do Universo, pois se assim o não fosse, já nele não estarias.
Mas, meu Irmão, se o Grande Arquitecto do Universo te conduziu até nós, é por certo, para seres um Obreiro do Seu Templo, o qual, será a morada da Fraternidade Eterna, por isso, aproveita todo o nosso hermético e milenar saber. E para que estejas apto para a árdua tarefa que te espera, tens à tua disposição: o Esquadro, o Compasso, o Maço, e o Cinzel, como tens também ao teu dispor a nossa milenar sabedoria que te ajudará a realizar essa grande obra. Pois, com o Esquadro, terás a Virtude e a Rectidão; Com o Compasso, terás a Lógica e a Justiça; com o Cinzel, sentirás e Dominarás a obra; e com o Maço, agirás com Perfeição e com Determinação. Assim, com o sábio emprego desses instrumentos de trabalho, que são uma representação simbólica da ordem e das forças inerentes à obra da Criação, atingirás um dia o estágio da “Pedra Polida”, pronta para o uso do Homem liberto das paixões, dos vícios e dos preconceitos.
Por último, informo-te que deves encarar os nossos rituais e o nosso simbolismo como um meio e nunca um fim em si mesmo, para que não te tornes um mero repetidor de toques, sinais e palavras, mas sim, um digno aspirante à Luz, de onde viestes e com a qual um dia, num dos muitos caminhos do Tempo, te fundirás. Finalmente, como verdadeiro Maçom, deves ainda manter os olhos espirituais para além das colunas deste Templo, sempre voltados para os níveis superiores onde domina a Verdade e a Rectidão, valores onde todo o Obreiro Livre anseia repousar ao terminar o seu último trabalho.